Prédio em obra vira garagem irregular na Vila Olímpia
quarta-feira, 11 de julho de 2012Assim que as estruturas das garagens são concluídas, prédios em construção na cidade de São Paulo viram estacionamentos improvisados –alguns deles, irregulares.
A reportagem da Folha apurou que o novo modelo de estacionamento rotativo já é comum na cidade. Só uma empresa de seguros afirma ter apólices contratadas para mais de 50 estabelecimentos desse tipo.
A prefeitura de São Paulo diz autorizar esse tipo do operação desde que a construtora obtenha o certificado de conclusão parcial da obra e que a garagem tenha entrada independente.
Mas especialistas veem riscos e consideram perigoso misturar edifício em obras e garagem em operação. Os riscos aumentam quando o estacionamento é irregular, já que não é submetido a avaliações de segurança.
Dois dos quatro casos apontados pela reportagem para a prefeitura não tinham os documentos necessários para operar: o certificado de conclusão parcial de obra e o auto de funcionamento.
A prática é comum em regiões de trânsito pesado, como centro, avenida Paulista, Itaim Bibi e Vila Olímpia.
No bairro da Liberdade (centro de SP), um edifício está só com as estruturas prontas, mas a empresa Trevo já explora dois andares de estacionamento a R$ 5 por hora.
Ali, nem a condição mínima de segurança exigida foi cumprida: entrada separada para o estacionamento.
A Trevo toca outro estacionamento em prédio inacabado, este irregular, na Vila Olímpia (zona oeste). Foi multada em R$ 4.000 após a reportagem ter contatado a prefeitura. Se não obtiver autorização, pode ser fechado.
Outro estacionamento que estava irregular é o de uma franqueada da empresa Estapar no Itaim Bibi (zona oeste), em uma obra da construtora Zabo. Após ser multado em R$ 4.000, foi fechado por iniciativa da franqueada.
Segundo Paulo Bosisio, sócio-diretor da FBB (seguradora considerada líder no mercado de estacionamentos), a exploração de garagens em prédios em obras começou a surgir há cerca de cinco anos e é cada vez mais comum.
Na avenida Paulista, ao lado do Masp, um edifício alugava vagas para carros da região seis meses antes de ficar pronto.
A Estapar, segundo funcionário de sua área comercial, explora garagens de diversas obras no Itaim Bibi. A declaração foi obtida quando a reportagem se passou por construtora interessada em contratar serviços da empresa.
Ao ser questionada mais tarde sobre a informação, a Estapar disse não ter, assim como suas franqueadas, nenhum outro estacionamento em prédios em obras.
Postos de combustíveis desativados também têm sido transformados em estacionamentos. A Folha questionou a prefeitura sobre a legalidade desses empreendimentos, mas não obteve resposta.
OUTRO LADO
A empresa Next Park, que explorava um estacionamento franqueado pela Estapar no Itaim (zona oeste), diz já ter fechado o local por iniciativa própria, após ser multada.
Já a empresa Trevo preferiu não se manifestar sobre a multa de R$ 4.000 ao seu estacionamento na Liberdade (centro) por falta das autorizações devidas.
A Estapar diz também que nem a empresa nem nenhuma de suas franqueadas explora vagas em garagens de prédios em obras.
A reportagem havia ligado para a empresa, se fazendo passar por construtora interessada em fazer parceria para estacionamento.
Na ocasião, um funcionário da área de vendas afirmou que havia diversos estacionamentos da Estapar em prédios ainda em construção.
A prefeitura não comentou as afirmações de especialistas sobre a inadequação de obras para a instalação de estacionamentos.
A administração também não quis se manifestar sobre sua possível corresponsabilidade no caso de danos a usuários causados por acidentes.
Fonte: Folha.com