Filho de juiz acusa PM de espancamento na Vila Olímpia em São Paulo
quarta-feira, 24 de setembro de 2008Um estudante de direito, filho de um desembargador do Tribunal de Justiça do Estado, foi detido por desacato a autoridade e afirma ter sido espancado durante meia hora por quatro policiais militares, na noite de anteontem, na Vila Olímpia (zona oeste de São Paulo). Uma policial, por sua vez, afirmou que o jovem a agrediu e xingou.
Felipe Caballero da Rocha, 19 anos, desentendeu-se às 23h30 com o gerente da casa noturna Pennelope, na rua Professor Atílio Innocenti, por conta do preço cobrado: R$ 175. O rapaz alegou que havia gastado R$ 150 reais.
“O gerente me disse que eu e meu amigo éramos playboys e que R$ 15 [sic] a mais não fariam falta”, contou o rapaz ao Agora. Ele afirmou que pagou a conta e exigiu nota fiscal. Mas a impressora da casa noturna havia quebrado.
O administrador da casa, Thiago Alencar, 27 anos, negou que o gerente tenha chamado Rocha e o amigo de “playboys”. “Oferecemos levar a nota fiscal à casa dele e demos um cupom com o valor gasto, que estava correto.”
O rapaz saiu da casa noturna e chamou a PM. Com a chegada dos policiais da 3ª Companhia do 23º Batalhão, o estabelecimento entregou um cupom com a quantia gasta, mas sem valor fiscal. “Aí eu disse que aquilo não valia, que até podia rasgar. E rasguei.”
Segundo ele, então, a policial militar Nora Moura de Barros, 34, disse: “Agora você perdeu a razão, playboy”. Então, segundo o jovem, a policial bateu com a cabeça dele no muro, jogou spray de pimenta no rosto dele, algemou-o e o colocou no carro, onde ele disse que continuou apanhando. Ontem, o rapaz tinha hematomas no corpo.
A policial disse em depoimento que o rapaz afirmou ser filho de um desembargador, xingou-a e deu dois chutes no seu joelho. Segundo ela disse à Polícia Civil, o estudante foi apenas imobilizado, algemado e levado para o 15º Distrito Policial (Itaim Bibi).
Rocha foi liberado após ser feito termo circunstanciado por desacato, lesão corporal e abuso de autoridade.
O pai do rapaz, o desembargador Wellington Maia da Rocha, afirmou que há indícios de arbitrariedade na ação da PM, mas que vai esperar o fim do inquérito policial para tomar qualquer atitude.
Outro lado
A PM não respondeu sobre as acusações de abuso. O Agora ligou para a corporação três vezes e mandou e-mail. A resposta foi que o questionamento estava “em análise”.
A policial militar Nora Barros não foi encontrada. Ela disse, em depoimento, que pediu o documento de Felipe da Rocha após ele xingá-la e aos outros PMs.
“A condutora informou que ia levar os envolvidos à unidade policial, entretanto, Felipe revoltou-se partindo para agredi-la”, diz o depoimento.
Fonte: Folha Online
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